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Maria D.

Maria D. 63 anos. É florista desde dos 11 anos, ou seja, há 52 e sempre aqui, no Rossio. Quando a abordei perguntou-me se queria flores, ri-me e respondi que não, que gostava de falar com ela. Expliquei-lhe o projecto e interrompe-me logo a dizer que não quer que lhe tire fotografia nenhuma, aceito, mas continuo a falar com ela porque estava a gostar bastante da conversa. Contou-me que é casada há 40 anos e que o casamento "tremeu" quando o seu marido teve um grave acidente no IC19 mas apesar de todos os tratamentos (14 anos depois ainda tem de ir semanalmente ao hospital) o casamento ainda dura e muito bem. Têm dois filhos, a rapariga é chefe de recursos humanos "num dos bancos do país, não sei bem" e o filho, que tem o 12º ano incompleto é proprietário de uma empresa de transporte de mercadorias. Tem dois netos, filhos do filho!
A Maria fez o que nenhum dos "estranhos" que até hoje falei fez. Perguntou-me "então e o menino? Não pode ser só eu a falar de mim". Contei-lhe que não sou de Lisboa, que vim do Algarve com 17 anos para estudar fotografia e hoje com 20 ainda cá estou "a fazer-me".
Com isto ela confessa-me que um dos seus maiores "desgostos" é que a sua filha de 28 anos ainda não tenha saído de casa "não que não me saiba bem tê-la sempre comigo mas ela tem de se desenrascar sozinha, e quando eu já cá não estiver?!"
Acabou por me deixar tirar-lhe a fotografia sem que fosse preciso insistir muito!

Lisboa, 15 de dezembro de 2015.
João Porfírio

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