Luis S. 21 anos. Conheci o Luis logo pela manhã; estava a tomar café ao meu lado e quando me pediu um cigarro, aproveitei para meter conversa. Contou-me logo que ficou paraplégico num acidente de mota quando tinha 19 anos, no qual uma criança faleceu. No entanto, seguiu logo a conversa dizendo que “Há gente que não consegue nem colocar um cigarro a boca”, com uma boa disposição única. Em tom de esperança diz-me: "acho que vou conseguir voltar a andar, eu sinto frio nas pernas, sinto formigueiro, só posso achar que vou voltar a andar depois de tudo que já passei”. Num dia de alerta vermelho em São Miguel, por momentos o sol começou a brilhar, ao qual ele diz rapidamente “já viste que quando falo de milagres o sol aparece?!”. Estava acompanhado por um amigo, e foi a amizade um dos maiores apoios que teve: “eu pensava que tinha perdido tudo, o meu mundo, mas eles estiveram sempre comigo, meteram-me comida na boca”. Conta-me que seguiu em frente, com vida e saúde, mas “as coisas e os edifícios por vezes não estão preparados para pessoas com cadeiras de rodas..”. Diz que “falta o F no feliz, mas sim, sou feliz”. Vai passar o natal e a passagem de ano com a mãe no Continente, mas volta-me a dizer que acredita que vai voltar a andar: "tenho fé nisto e a ciência está sempre a evoluir” e “com os pés no chão ou as rodas, eu vou voltar a fazer a minha vida”. Está a espera de vaga para ir para Alcoitão ou para uma clínica no Porto e agora pensa em ajudar quem está pior do que ele. Luís, muita boa sorte para a tua vida, e que voltes a andar!!
Ponta Delgada. 14 de Dezembro de 2015.
Rui Soares
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