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Carla Oliveira, 40 anos

Carla Oliveira, 40 anos - Encontrei a Carla numa iniciativa sobre acessibilidades esta manhã em Lisboa e estivemos um pouco à conversa. "Tenho Osteogénese Imperfeita que é a chamada doença dos "ossos de vidro". No meu caso é o grau mais fraco da doença mas devido a isso tive problemas de crescimento". Quando lhe perguntei por alguma história que me quisesse contar disse-me: "Tenho a história da minha vida! Até aos meus três meses não sabiam que eu tinha esta doença, mas depois de andar dias a chorar e a minha mãe não me querer levar ao hospital, uma tia minha levou-me e descobriram que eu tinha um braço partido e depois de alguns exames detetaram-me a doença. Nessa altura a minha mãe abandonou-me e passei a viver no hospital Curry Cabral do Rego onde vivi até aos meus 10 anos. O meu pai mesmo com dificuldades financeiras muitas vezes ia-me ver mas a minha mãe nunca lá ia. Só a vi mais duas vezes na minha vida, uma foi quando o meu pai faleceu tinha eu 5 anos e eu queria ir ao funeral dele, a minha mãe não me deixou e chegou mesmo a dar-me um estalo. Mais tarde quando tinha 14 anos ela queria que eu fosse viver com ela mas eu não quis e nunca mais a vi. Depois disso fui viver para o hospital infantil São João de Deus em Montemor-o-Novo e lá fiz toda a minha escolaridade. Aos 34 anos deu-me a vontade de estudar, vim para Lisboa viver e tirar um curso superior. Entrei para o ISCAL e comecei a tirar a licenciatura em Contabilidade e Administração no ramo de Gestão e Administração Pública e neste momento só me faltam 5 disciplinas para terminar." Ainda relativamente à sua doença contou-me que: "Muitas vezes pensam que sou anã, mas a minha doença nada tem a ver com nanismo e basta olhar para as minhas mãos para ver que são perfeitamente normais. Ás vezes há miúdos que dizem: olha ali uma pessoa pequenina", mas eu não levo a mal." Perguntei-lhe se tinha namorado e respondeu-me corada e a sorrir "Tenho! Mas ainda não vivemos juntos. Eu vivo sozinha numa casa alugada e felizmente a minha senhoria deixou-me fazer obras e adaptar a casa à minha mobilidade." Quanto ao seu futuro disse: "quero ser feliz, gostava muito de arranjar um trabalho na minha área assim que acabar o curso mas sei que está difícil para pessoas ditas normais arranjar trabalho, quanto mais para mim, mas tenho esperança que vou conseguir" Para terminar relativamente a constituir familia disse-me: "Para já não pensamos sequer em casar e mesmo podendo ter filhos acho que o Mundo não está bom para termos crianças".

Lisboa, 2 de setembro de 2016
Miguel A. Lopes




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