Jorge Libório, 29 anos. Começo por dizer que a cara do Jorge não me era estranha. E durante a nossa conversa acabei por perceber de onde o conhecia. O Jorge fez parte da Vortice Dance que é a companhia de bailado portuguesa responsável por me fazer apreciar essa arte. Quando lhe explico isso, ele sorri e diz que já não pratica dança mas, ao mesmo tempo, não descarta a possibilidade de regressar. “Comecei quando tinha cerca de 12 anos e fazia dança de salão como hobby. Até que, quando tinha 16 anos, decidi levar a coisa mais a sério e comecei a ter aulas intensivas de ballet, dança contemporânea e hip hop”, conta. Ao ver-me surpreendido pela idade com que começou, explica que “de certo modo, a idade foi um factor que considero ser o motivo de um maior empenho”. Permitiu que a evolução tenha progredido de forma consistente, acrescenta, contando que “tornou-se a minha profissão. Tive o prazer de ter feito espectáculos em diversas salas do mundo, tournées e dado aulas. Senti que, ao fim de 10 anos, a minha missão tinha sido feita”. Então, decidiu ir à aventura para Londres, à procura de novas oportunidades. “Lá, a vida não é fácil. Infelizmente, não consegui viver da dança. Para sobreviver, comecei a trabalhar num 'winebar' e acabei por me tornar o gerente do espaço. E isso tudo, naquela altura, fez-me pensar sobre o rumo que a minha vida estava a levar. Decidi agarrar essa oportunidade e não me sinto frustrado por isso. Deixa-me dizer que não me arrependo de nada. Mas quando penso nisso sei que, se fosse agora, faria diferente. No que diz respeito à dança, ter ido para Londres sem nenhum contacto, conhecimentos e audições agendadas, foi um erro que me fez crescer”, desabafa. E foi, precisamente em Londres, que percebeu o sentido das barbearias e ficou maravilhado. Depois de fazer formação sobre o assunto, decidiu que queria trazer o conceito para Leiria, onde irá abrir uma 'barber shop'. “Os homens precisam disso. Uma barba cuidada vai dar-lhes personalidade. Felizmente que a mentalidade está a mudar. Creio que os homens estão a perceber que se devem cuidar e acho que há vontade, mas não se sentem à vontade para experimentar”, descreve Jorge, sorrindo.
Leiria, 25 Junho 2016
Rui Miguel Pedrosa
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