Natural de Resende, apaixonado pela escrita de Eça de Queiroz e escuteiro desde dos 8 anos. Em pequeno já ambicionava ser jornalista. "Chateava a minha avó com milhares de perguntas por dia. E já me armava em esperto: um rolo de guardanapos era o microfone". Apesar disso, no secundário escolheu estudar Ciências e Tecnologias. Toda a gente lhe dizia que era um curso com melhores oportunidades de emprego, um curso que provavelmente lhe daria mais sucesso na vida, mas não foi feito na conversa: "Bem me tentaram enganar". Começou, então, aos 16 anos como colaborador de um jornal regional e lá ficou 4. Durante esse tempo, percebeu que o jornalismo era mesmo a sua área de vocação. Mais certezas teve quando quis arriscar de novo: "fui bater à porta de uma rádio a pedir um programa e me disseram sim. Dos gravados aos diretos, passei lá 2 anos. Depois, mudei para uma maior. Outros dois anos". Durante todo este tempo, esteve sempre a estudar. Acabado o 12º ano, foi para o Porto e aí, no final do curso, teve a oportunidade de fazer um estágio curricular na CMTV, onde trabalhou até entrar na RTP. "Fiz o primeiro direto aos 20 anos. Tremia muito, mas acho que segurei bem a voz". Quando lhe perguntei quais as principais diferenças entre a rádio e a televisão e qual delas a fascina mais respondeu-me que "a rádio é muito especial. Pelas conversas que pedem descrições, pelas emoções que a comunicação tem que criar. Porque para lá do microfone, está um ouvinte sozinho, em muitos casos. Em televisão, o que desafia, é a linguagem, por exemplo: contar cada história de uma forma simples, de uma forma que toda a gente perceba. Enfrentar a câmara com convicção. E na edição, escrever para as imagens, deixar respirar os sons". Mudou-se, sozinho, para o Porto novo, disse-me que se habituou bem à cidade mas que muitas vezes foge para o campo. "Preciso do silêncio, da família e do Douro". No fim da nossa conversa, já a sair do Rock in Rio, deixou-me um recado: "há uma coisa que me esqueci de dizer na nossa conversa sobre o vosso projeto. Nós, jornalistas, não nos podemos esquecer de maneira nenhuma das pessoas das aldeias. as aldeias são ricas em estórias, são ricas em testemunhos. tenho procurado contar algumas dessas vidas, alguns desses povos". E é aí que o trabalho do José se tem centrado mais. Foi bom conhecer-te colega.
Lisboa, 20 de maio de 2016
João Porfírio
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