Elmo Pinto, 86 anos. Encontrei o Sr. Elmo a apreciar a vista do Porto Pim ao final do dia. Quando o abordei no sentido de o fotografar e fazer parte do projecto, disse-me logo que sim - "desde que não tenha de me mexer muito!”. Conta-me que antigamente era prático agrícola, e explica-me melhor: "Antigamente havia o engenheiro agrícola, o regente agrícola e o prático agrícola... também trabalhei no Pico, mas foi quase sempre aqui no Faial. E sabes, eu vivo melhor agora do que vivia antigamente." Esteve na escola até aos 17 anos e começou a trabalhar desde essa altura, lembrando que arranjar emprego nesses tempos era muito mais fácil. Mas esta facilidade de emprego também vinha junto com outras... chamemos-lhe "particularidades" da época e da insularidade: "Às vezes, quando não havia médico, os veterinários é que nos safavam” diz ele entre gargalhadas, ”até a mim, fui a um consulta ou duas a um veterinário!”. Agora, já reformado, diz-me que a vida está um pouco melhor, mas infelizmente a saúde não o deixa gozar os dias plenamente: “tenho uma doença grave... fumava muito, muito mesmo, e o alcatrão do tabaco tapou-me as veias das pernas. Tenho de dormir sentado hoje em dia... O meu filho não gosta nada que eu viva sozinho, mas é um descanso de alma!” diz ele com um ar muito bem disposto. Não quis ir viver com nenhum dos filhos, porque cada um já tem a sua vida resolvida e não quis ser um peso para ninguém; "assim, vim viver sozinho para aqui, para este paraíso”, diz ele descansado. Agora, aproveita bem os seus dias a "andar devagarinho". Está muito feliz pelos seus filhos que têm as suas vidas orientadas, e está satisfeito com a vida que teve até hoje. "O meu único problema é essa doença tola... mas há algo que gostava de dizer e acho que vou aproveitar que estás aqui a entrevistar-me para isso: NÃO FUMEM!! Eu era uma chaminé... mas foi um erro. Por isso, juventude: não se fuma!” Obrigado, Sr. Elmo!
Horta, 24 de Maio de 2016
Rui Soares
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