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Adelaide Gomes, 46 anos

Adelaide Gomes, 46 anos. Com uma das vozes mais calmas que já ouvi, a Adelaide começou por me dizer que é professora de Português no ensino básico. Como a maior parte dos professores, esta sente na pele as dificuldades da sua profissão: “Não é fácil, há uma conjectura que nos está a condicionar o nosso trabalho... fala-se muito do insucesso escolar e aponta-se um pouco demais o dedo aos professores - nós bem sabemos que existem bons e maus profissionais em todas as áreas, e nós com certeza temos bons, excelentes e também menos bons professores - mas não me parece que seja isso que esteja a condicionar o tão falado insucesso." Para si, esta situação resulta de uma conjectura de más escolhas económicas e de educação que exigem que tenham de manobrar uma "pequena franja" para tudo aquilo que é necessário, bem como a grande influência que as famílias das crianças e a própria sociedade exerce sobre as mesmas. Tudo isto levou a que se desencantasse um pouco com o seu trabalho: "Estou a meio da carreira... desde de miúda queria ser professora e agora penso que se eu na altura tivesse tido uma visão mais alargada e tivesse outras opções, se calhar estava mais feliz... não sei, nunca podemos saber. Os alunos estão desmotivados... Infelizmente, não me parece que vá retroceder, este meu desencanto”, diz num tom que espelha o sentimento das suas palavras. Reparei que tinha um sotaque diferente do de S. Miguel mas não consegui identificar logo de onde. Contou-me então que é natural da ilha das Flores, mas já há muitos anos que está "fora da sua ilha": “Fui para o Faial estudar depois do 9.º ano e depois vim para cá e cá fiquei. Mudei-me de vez para aqui, mas volta e meia ainda volto lá... e foi lá que me apercebi que queria ser professora, eu era muito boa aluna a inglês e francês sem ser preciso de estudar e, por aí, escolhi línguas”, diz ela a sorrir. Por agora, não tem muitos planos, deixa apenas a vida correr e ver no que dá. "Não sou muito de ver os prós e os contras, sou muito impulsiva! Todas as grandes decisões da minha vida foram tomadas por impulso... Acho que neste momento estou bem. A maior parte das pessoas pode dizer que precisariam de mais dinheiro nos tempos que hoje correm, mas analisando bem, acho que estou feliz com o que tenho. Apenas gostava de conhecer o mundo, gostava de conhecer a Austrália e visitar a cidade de Adelaide, que tem o meu nome,” diz ela sorridente. Obrigado Adelaide, e tudo de bom para si!

Ponta Delgada. 17 de Maio de 2016
Rui Soares
 

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