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Abraão Pereira da Silva, 50 anos

Abraão Pereira da Silva, 50 anos. É difícil não perceber o que me fez ir falar com o senhor Abraão. Chamou-me a atenção o periquito que tinha ao ombro. “Chama-se Belinha. Ela e outro periquito que tenho em casa são como meus filhos”. A pergunta normal é se não tem medo que ela fuja. “Não tenho medo nenhum. Até a levo a passear ao jardim e, ali, ela brinca e voa à vontade”. Abraão é natural de Minas Gerais, no Brasil, mas está em Portugal há 30 anos. “Fui abandonado pelos meus pais, à porta da casa da minha tia e, mais tarde, vim a saber que tinham falecido”. E foi nessa altura que decidiu vir para Portugal. “Com a ajuda monetária de uns amigos, consegui pagar a viagem”. Mas não veio sozinho. “Vim na companhia de Deus”. Durante 2 anos, passou diversas necessidades. “Dormi no chão e alimentei-me, diversas vezes, da comida que ia procurar nos caixotes do lixo dos supermercados”. Não tem qualquer vergonha em admiti-lo. “A minha tia sempre me ensinou que ‘mais vale pedir do que roubar’. E, sempre me disse para nunca cair nas tentações da vida”. Pergunto-lhe se é casado. “Sou, sim. Muito bem casado, com uma grande mulher”. Sorri e diz que foi amor à primeira vista. “Ela ajudou-me imenso quando precisei. É assim que ela é: só não ajuda se não conseguir mesmo”. Conta que a esposa está muito doente. “E, agora, sou eu que a ajudo no máximo que puder. Não a irei deixar nunca. É a minha mulher”. E revela que ela tem um sonho que ele gostava muito de poder ajudar a realizar: “O sonho dela é ir visitar a Madeira. E digo-lhe várias vezes que só não o irei realizar se não puder mesmo”.

Leiria, 12 Janeiro 2016
Rui Miguel Pedrosa


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