David Silva, 41 anos. Desempregado, conta que a mãe tem sido, toda a vida, o seu pilar. Os pais separaram-se quando tinha apenas 8 anos e, desde aí que nunca mais houve proximidade com o pai. "Ele continuou a vida dele com outra família, como se nunca mais existíssemos. Ainda tentou a aproximação por duas ou três vezes, mas nunca correu bem. A minha mãe tem sido o meu apoio", relata. Até na altura da morte do pai, foi na mãe que se encontrou amparo. "Eu já tinha 21 anos quando ele faleceu. Apesar de tudo, custou-me imenso. Apesar de não ter estado presente, não foi fácil. Um pai é aquele que nos dá amor e carinho mas eu nunca tive isso. Não sei o que isso é. E isso mexe comigo. Por vezes, à noite, dou por mim a pensar nisso. Sabe, ele devia ser um exemplo que nunca foi ", conta, demonstrando alguma emoção nas suas palavras. O seu pai faleceu de ataque cardíaco. Os problemas de coração são hereditários, sublinha, contando que o mesmo problema de saúde já levou o seu avô e um tio. E David conta que, apesar de ser novo, também já tem arritmias. “Mas já não tenho medo de morrer. Encontrei algo maior do que eu e que me fez perder o medo (a religião). Deu-me algumas orientações na vida, que me têm ajudado imenso". Agora diz que quer constituir família e ter filhos mas sempre "com o exemplo de como nunca ser. E poder dar o amor e carinho que nunca tive".
Leiria, 4 Abril 2016
Rui Miguel Pedrosa
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