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Alan Milburn, 64 anos

Alan Milburn, 64 anos. Encontrei o Alan pelas ruas de Ponta Delgada com um ar de curiosidade pura acerca de tudo o que o rodeava. Natural da Inglaterra, este turista tinha acabado de chegar aS. Miguel. Por incrível que pareça, antes desta visita, o Alan nunca tinha ouvido falar nos Açores; "Já fui à Madeira 6 vezes nos últimos 15 anos, mas nem sabia que existiam estas ilhas aqui. Em Setembro passado, estava em Chamonet, na França, e conheci umas pessoas portuguesas que me falaram dos Açores. Quando cheguei a casa, fui pesquisar e fiquei encantado com as fotos que vi, e decidir vir conhecer!". Aproveitando estar cá, vai tentar conhecer outras ilhas, e disse-me cheio de satisfação que provavelmente vai subir o Pico. As suas primeiras impressões da ilha são muito positivas. Fazendo um paralelismo com a Madeira, diz que não parece um sítio tão rico, principalmente devido ao facto de o turismo ser "massivo" na Madeira, mas no que diz respeito à natureza, é "muito mais bonito". Perguntei-lhe, então, o que planeava fazer por cá: "Ah, vou só andar por aí, pelas ilhas." Não sei se fiz alguma expressão sem dar pela coisa, mas ele achou melhor explicar: "E sim, é mesmo só andar por aí. Já estive 6 meses só a andar pela Nova Zelândia. E pela Polónia. E um pouco por todo o mundo. Andar. Por aí. Sabes, eu sou um gajo magro, e eu vejo por aí as pessoas sentadas em restaurantes e eu penso cá comigo 'para comer, come-se sentado em casa!'", diz ele cheio de graça. Para si, as viagens são para conhecer novas pessoas, novos lugares, apreciar paisagens, animais, flores e montanhas, e não para estar sentado a comer. Este ano representa um marco importante na vida do Alan: é o ano em que faz 65 anos. Considerando que o seu pai faleceu aos 62 e a sua mãe por essa mesma idade já tinha sofrido 2 ataques cardíacos, o Alan sempre pensou que só iria viver "até aos 65 ou coisa assim". "Sou uma pessoa um pouco fora do comum", disse-me ele no seu jeito muito sui generis. "Quando tinha uns 30 anos, fui para a Arábia Saudita trabalhar e fiz muito dinheiro. E considerando que acho que não vou viver muito tempo, decidi parar de trabalhar aos 55. Por isso, desde aí, todos os anos viajo para um novo sítio e ando por lá. Por vezes vou de mochila às costas para acampar, ou fico em hostels ou pequenas casas de campo, e depois vou andando e conhecendo." Por fim, conta que os irmãos - todos mais novos - sofrem de artrose grave e não podem aproveitar a vida assim como ele. Assim pensa que, mais cedo ou mais tarde, esta mesma doença também o vai incapacitar como aos seus irmãos, portanto continua a sua viagem: "Não me posso sentar. Tenho de andar, seguir em frente. Já conheço quase todas as ruas desta cidade ", diz ele despedindo-se. Obrigado, Alan. Que os 65 só te tragam mais vida e mais oportunidades de continuar a "andar por aí". 

Ponta Delgada. 11 de Maio de 2016
Rui Soares


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