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Maria João Gomes, 47 anos

Maria João Gomes, 47 anos. Desta vez, vou começar pelo fim, ou seja, pela parte do enquadramento fotográfico, que neste caso foi sugerido pela própria retratada. Maria tem uma história que vale por mil palavras. Ela resume-a numa frase simples: “A vida é bela”. E porquê? Vamos ficar a perceber pelas suas palavras. “Em 2008, já depois de me terem detectado nódulos da tiróide, tive a pior notícia da minha vida, depois de fazer um ‘checkup’ de rotina. Fazia anos nesse dia. Eu mesma abri os exames, pouco tempo antes de ir para o jantar com a família. Naquele instante, mesmo percebendo a gravidade da situação, a minha preocupação era a forma como lhes iria transmitir o que me esperava. Tinha-me sido detectado cancro na mama. Sempre tive perfeita noção que num caso desses não é apenas a pessoa a sofrer mas também as que lhes estão próximas. Optei por fazer a biópsia no sector privado, porque de outra forma iria demorar imenso. E passados 22 dias informam-me que teria de retirar o peito e fazer quimioterapia. Começaram logo a preparar-me para o pior. Mas nunca perdi a força. Eu própria cortei o cabelo para que não viesse a custar tanto. Cada sessão era pior que a outra. Parecem bichos dentro de nós. Não o desejo a ninguém. É bastante difícil. E naquele momento apenas temos a nossa família e os enfermeiros para nos apoiar. Eles são os nossos anjos da guarda! Estive um ano e meio de baixa. Depois de regressar ao trabalho, fui chamada ao gabinete do patrão, e recebi mais um balde de água fria, quando ele começou com o discurso que iria reduzir postos de trabalho e que o meu seria um deles. Nem queria acreditar no que me estava a acontecer. Ainda por cima porque ele nem tinha razões para tal, mas para evitar mais desgastes, depois de alguns meses de negociações, acabei por sair. Como não era minha intenção desistir, utilizei o dinheiro da indemnização a fazer a reconstrução mamária. Agora estou sozinha e penso se toda esta luta valeu a pena, mesmo sabendo que fiquei sem hipótese de poder realizar o sonho de ser mãe. E chego à conclusão que valeu! Nem que seja para ajudar os outros. Olhei para a vida e vi que também tinha outras coisas boas e segui em frente. Estou a aproveitar esta segunda oportunidade. Adoro viver!”. Com uma história destas, compreendem porque me abstive de fazer mais perguntas. A Maria João disse tudo. 

Leiria, 22 Março 2016
Rui Miguel Pedrosa


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