José P. , 29 anos. O José aceitou participar, mas com a condição de que a sua cara não ficasse visível na fotografia. Conta-me que neste momento está desempregado: “Eu era ajudante de pasteleiro, mas a crise está forte. Estão devendo muito dinheiro à nossa empresa, por isso isto ficou assim, e neste momento não faço nada, fico a ver os dias passar....”
Sobre si e sobre a sua vida, conta-me que já quis ser ser tanta coisa: "até quis ser polícia, mas a vida dá umas voltas que nós, uns anos depois, ficamos sem perceber o que se passou... já andei por muitos sítios; Canada, América, etc., mas nunca quis sair daqui, isto é o melhor local do mundo, minha rica terra!, os meus amigos, a minha família, tudo o que tenho está cá, logo é aqui que pertenço.”
Conta-me que, pelo caminho, fez "muitas asneiras" que mudaram um pouco o seu rumo: "já fiz muitas drogas pesadas... estou na ARRISCA (Associação Regional de Reabilitação e Integração Sócio-Cultural Dos Açores) a fazer tratamento de metadona e estou em fase de redução, o que quer dizer que está a correr muito bem. Vamos ver se vou conseguir, estou há 1 ano sem tocar em nada, mas isto é uma doença do caralho, é para o resto da vida. E digo a toda a gente, miúdos e graúdos, para não se meteram nisto, é muito difícil de sair... tenho muitos amigos, boas pessoas, que se perderam tanto... Mas tenho-me dado com outras pessoas, o que tem ajudado muito a minha recuperação. Agora vou sempre em frente. Tenho um filho, o que me dá um objectivo de vida. Isto não é só estar por aqui, tenho responsabilidades, quero o melhor de sempre para o meu filho e espero que me corra tudo bem, que acabe o meu programa e quero continuar limpo para o resto da vida!” diz-me determinado. Obrigado, José.
Ponta Delgada. 3 de Março de 2016
Rui Soares
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