Gonçalo Silva, 23 anos - Encontrei o Gonçalo a chegar a um bar perto de minha casa e o seu imponente jipe não passou despercebido ao entrar na rua. "Isto sobe tudo, é o melhor jipe para se ter como todo o terreno e este está todo mexido. Já experimentei de tudo assim de adrenalina motorizada, motos, carros, mas desde miúdo que gosto de jipes. Quando era miúdo via amigos do meu pai com jipes e o bichinho ficou e agora tenho este". Perguntei-lhe se trabalhava ou estudava "trabalho desde os 14/15 anos mas estudei. Estive num colégio de freiras e depois na Casa Pia, mas sempre tive jeito para os negócios!" A rir contou-me: "quando tinha oito anos o meu pai comprou uma empresa insolvente que tinha muito material de escritório como borrachas e lápis e aos nove anos fui suspenso no colégio porque arrebentei o negócio da papelaria. Vendia essas borrachas e lápis aos miúdos e andava sempre cheio de dinheiro!" Perguntei-lhe o porquê de estudar num colégio de freiras e depois na Casa Pia "andei no colégio pois os meus pais queriam-me dar uma educação melhor e era perto da minha casa. Eu não gostava muito de estudar, gostava era de mexer em carros, desmontar coisas e depois o meu pai conhecia gente na Casa Pia e fui para lá para tirar o curso de electrotécnico, mas os primeiros três anos foram complicados, passei mal pois havia já grupos de amigos feitos e havia sempre confusões, mas depois cresci e fiz amigos e gostei de estudar lá". Voltando ao seu trabalho "Compro material novo e usado e depois vendo-o, insolvências de empresas, vou a leilões e outras coisas que aparecem para comprar e vender. Há sempre empresas a fechar, por vezes os administradores de insolvências pedem-me para os safar porque precisam e acabo por comprar algumas coisas que são monos e que têm pouco interesse mas depois também me fazem chegar bons negócios e compensa." Voltou a sorrir e disse-me "há uma história que me lembro sempre e me faz sempre rir, um dia num desses negócios apareceu-me uma mulher a perguntar se eu não comprava vibradores, mostrou-me um e disse-me que já não o usava e se eu não o comprava para depois vender a quem precisasse!" Agradeci a conversa e fui com ele fazer a foto a um terreno ali perto e posso dizer que o arranque e potência do jipe é impressionante!
Lisboa, 23 de março de 2016
Miguel A. Lopes
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