Pedro Guedes, 31 anos. Encontrei o Pedro num “parque” de Tuk Tuk para visitar Lisboa. Começou por me dizer que fez o curso de Audiovisuais mas que já não exerce a profissão, não descartando a possibilidade de um dia voltar. Mas esse assunto apenas serviu de rastilho para falar do orgulho que sente de uma experiência que teve de voluntariado, na Guiné e em Moçambique. “Acho que toda a gente devia passar por essa experiência. Se por acaso se proporcionar gostaria muito de voltar”. Pedi para me explicar melhor o que o levou a fazer voluntariado. "Quando fiquei desempregado ‘deu-me na cabeça’ e fui para uma organização internacional que angaria fundos para que se possa ir fazer voluntariado em África. Comecei por ir 2 anos para Inglaterra e ai fazíamos recolha de roupa, que as pessoas não queriam e voltavam-mos a vender. Reunimos o dinheiro e fui, junto com 5 colegas, para a Guiné, de carro”. Quando chegaram a aldeia, que era literalmente no meio do mato, tiveram de habitar numa casa que não tinha luz ou agua potável. “Naquela altura, tinha de beber água do poço. E lá, além de estarmos envolvidos na criação de uma escola para surdos-mudos, tínhamos de ensinar aquelas pessoas sobre a nossa organização e principalmente passar-lhes o nosso conhecimento. Quando arrancamos com a escola parecia que cada vez mais crianças saiam do mato e vinham ter connosco”. Passado 3 meses, já em Moçambique, continuaram o programa de voluntariado. “Havia lá uma casa, praticamente só paredes, onde um casal acolhia menores que tinham sido maltratados pelos pais. Aí, através das redes sociais, criámos uma página para angariar fundos para dar melhores condições às crianças. Com os 1.000 euros que conseguimos deu para recuperar o edifício. Não imagina a ginástica que tivemos de fazer com esse dinheiro para conseguir aquilo”. Agora que regressou, e já teve tempo para pensar nos feitos que fez, perguntei-lhe o que sentia. “Agora olho para trás e sinto 'bué' orgulho. Uma experiência única de vida. Se calhar, esses miúdos já nem estão lá. Mas ninguém tira a alegria dos putos por terem algo tão simples como um colchão. O nosso lema era ‘Viver ombro a ombro’. E de facto, não hesitava em voltar”.
Lisboa, 26 Fevereiro 2016
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