José Amorim, 67 anos. O Sr. José é reformado há 5 anos, mas teve uma vida de trabalho duro. "Mas isto é uma porcaria, o que é que a reforma dá? Não dá nada.. dá para a água e luz, o governo leva tudo.” Conta-me que trabalhou muitos anos num viteleiro, mas depois ficou responsável pelo transporte de animais para o continente: "ia no barco, 4 dias e 4 noites fechado no porão para tomar conta dos animais, mas a volta era sempre lá em cima. Aí já podia aproveitar melhor a viagem.” Começou a trabalhar aos 10 anos como camponês, porque não havia outro tipos de trabalhos naquela altura. "Fiz até à quarta classe, mas era escola da boa, hoje em dia esses rapazes nem sabem fazer contas de dividir. Mas depois casei-me e arranjei aquele trabalho no viteleiro, até aprendi a capar porcas e a fazer operações em porcos”
O Sr. José é pai de 7 filhas e comenta que "foi um cabo dos trabalhos, mas estão todas encaminhadas na vida. Hoje em dia ninguém quer ter muitos filhos; o pobre tem 7, o rico só tem um ou um casal. Mas tenho um neto, ele é que se está consolando, já tem um carro e tudo no seu nome!”
Sobre o dia a dia, contou-me um pouco revoltado que hoje em dia tudo está mais caro, e que querem mais de 50% de "reformas de escudo meio…um dia ainda vou roubar aquela gente - os políticos - deixam-me zangado! Mas daqui para a frente só quero é saúde e peço sempre a Nosso Senhor que haja trabalhos para essa gente nova toda”. Obrigada pela conversa, Sr. José.
Ribeira Grande. 27 de Janeiro de 2016
Rui Soares
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