Catarina Gomes, 25 anos. Conheci a Catarina no final de um longo dia de trabalho e quando lhe expliquei o projecto, apesar de reticente, aceitou participar. “Eu sou nova, não tenho muito para contar” disse-me, no entanto, um pouco envergonhada. Conta-me que trabalha numa fábrica de laticínios: “aos 25 anos tenho um emprego seguro e um vida calma cá na Graciosa. Já pensei em sair de cá, mas está complicado, não convém arriscar muito... a minha irmã e mãe estão em Nisa no Alentejo, mas nós cá temos um nível de vida cada vez melhor. Por exemplo, não precisamos de comprar, cultivamos".
Como eu estava a fotografar surf, ela diz-me que gostava muito de experimentar, porque adora tudo o que seja desporto, mas infelizmente não existem escolas nem professores de surf na Graciosa. No entanto, diz-me que é bastante feliz na ilha porque, para além de ter um trabalho fixo, faz muita coisa de que gosta e tem uma vida cheia; “sou bombeira, conduzo a ambulância - o que para mim é muito gratificante porque ajudo os outros. Para além disso, sou jogadora de futebol e também participo em regatas de botes baleeiros, tenho uma vida bastante preenchida aqui”, diz sorridente. “Espero que a vida continue como está cá na ilha, estou bastante bem. Quem sabe um dia saio daqui, mas vou querer voltar sempre. A Graciosa é a minha terra.”
Obrigada pelo teu tempo, Catarina!
Santa Cruz da Graciosa, Graciosa, 19 de Janeiro de 2016
Rui Soares
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