Ricardo Felício, 24 anos. Durante um dia muito chuvoso, encontrei o Ricardo abrigado e foi aí que vi a minha oportunidade de conhecer o “estranho” de hoje. Após uns momentos de conversa, conta-me que está, atualmente, desempregado depois de ter trabalhado numa empresa de gás. “Tenho algumas formações nessa área”, explica, adiantando que gostava de vir a trabalhar nos Estados Unidos, numa grande empresa nessa área. Não exclui essa hipótese mas tem algum receio de ir sozinho. “Se algum amigo fosse comigo, até arriscava”. “Sei que com as formações que tenho, até poderia conseguir”, admite, mas confessa ter, a nível académico, apenas, o 8º ano. “Com isto das equivalências, até fiquei sem saber ao certo as minhas habilitações”, conta, reconhecendo não ter dado “o valor que devia, à escola”. Hoje, diz, “sou hiperativo e disléxico, o que não ajudou nada na escola. Não gostava da escola, comecei a faltar. Por vezes, para estar com os amigos, mas maior parte das vezes ia, simplesmente, para casa”. E acaba por confessar que “na altura, pensava mal” e que, se tivesse oportunidade, “voltava atrás”. “Se algum dia tiver filhos, vou tentar que não passem por aquilo que passei”, conclui. 

Leiria, 28 Dezembro 2015
Rui Miguel Pedrosa