Arlinda M. 59 anos - cruzei-me com esta senhora quando estava num trabalho na Gulbenkian e esta estava a varrer as folhas caídas das árvores.
Super simpática e acessível prontificou-se logo a que lhe tirasse uma fotografia.
É natural do Cabo Verde e é casada há 40 anos, desse casamento resultaram 3 filhos mas que não quis falar deles. Veio para Portugal há 30 anos e diz que foi a melhor coisa que fez, tem melhor qualidade de vida e o mesmo emprego há 25 anos, no mesmo sítio, nesta fundação!
O seu marido esteve na guerra o que fez com que ficasse com sequelas para sempre. Contou-me que antes viviam perto do aeroporto mas que ao fim de dois meses tiveram de mudar de casa porque o seu marido com o barulho dos aviões assustava-se e escondia-se na sua própria casa. "Viemos para Portugal também para termos mais segurança e paz, foi complicado ao início mas agora já está mais ou menos ultrapassado, ele é acompanhado por uma senhora psicóloga". A D. Arlinda perguntou-me o que é que eu andava ali a fazer, tão cedo (ainda não eram 9h da manhã) e eu disse que também estava a trabalhar. "Nunca vás para a guerra, sais de lá maluco" seguido de uma gargalhada genuína!
Dei-lhe dois beijinhos e desejei-lhe bom trabalho, e quando já me ia embora "o seu trabalho é tirar fotografias? Que giro".
Lisboa, 17 de dezembro de 2015.
João Porfírio
0 Comentários