André S. 18 anos. Encontrei o André na biblioteca do Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas. “Consola vir para aqui, venho para os computadores, para a internet... a directora gosta muito de mim e dá-me trabalhos de casa e eu vou aprendendo, aprendo mais aqui do que aprendi na escola”, disse-me. “Já tenho 18 anos e tive de sair da escola, estava no 9º ano e fui obrigado a sair. Mas também não queria continuar, a escola era muito aborrecida, é sempre a mesma coisa, eu não gostava nada da escola. As professoras eram “boas de cabelo”, era só pinturas e assim não se aprende muito”, continuou. Quando lhe perguntei se não preferia estar com os amigos em vez de estar na biblioteca, disse-me que tinha muitos amigos, "mas eles metem-se em coisas que não gosto e vou-me logo embora, não me quero meter em vícios, não quero ir para o “jardim das tabuletas” (cemitério), sou muito novo para morrer". Contou-me que agora vai trabalhar: “quero ser pescador, pescador de rochas por ser mais seguro, como o meu avô. E se não for pescador, vou ser pedreiro, é o que houver para mim”, diz-me cheio de certezas. André, não percas estas certezas todas e obrigado por teres feito uma pausa nas tuas pesquisas para falar um pouco comigo. 

Ribeira Grande. 29 de Dezembro de 2015
Rui Soares