Mileide Santos, 23 anos. Cruzei-me com a Mileide num momento em que ela estava claramente perdida em Leiria, por não conhecer a cidade. É natural de Cabo Verde e veio para Portugal com o filho e com o marido, que é português e quis regressar. “Viemos em 2011. Felizmente que já consegui trabalho, mas ainda estive dois anos desempregada”, desabafa. Conta que actualmente está a residir em Coimbra, porque se separou e acabou por ir ao encontro de um familiar que a ajudou. “Agora temos a guarda partilhada do nosso filho. E ainda bem. Tenho noção que ele é um bom pai. Tomara muitos serem como ele é”, revela. Diz ter saudades do seu país e da família mas de momento não pensa em regressar. “Gosto de cá estar. Talvez regresse quando me cansar de aqui estar. Sabe, as pessoas costumam dizer que ando sempre alegre e com um sorriso na cara. E gosto de ser assim. Mesmo quando tenho de sorrir para disfarçar a saudade de casa, da família, enfim é uma forma de esconder a tristeza que, por vezes, sinto”, confessa Mileide. Quando lhe pergunto o que gosta de fazer revela que adora dançar. “Está cá dentro. Talvez das raízes. Mas uma preta que não saiba dançar não é preta”, diz sorrindo.
Leiria, 7 Junho 2016
Rui Miguel Pedrosa
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