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Valdemar Nascimento, 57 anos

Valdemar Nascimento, 57 anos. Nasceu em Alcobaça mas reside em Leiria desde os sete anos. O pai tinha encontrado trabalho e o facto da mãe ser natural da cidade do Lis fez com que se mudassem. Na altura foi uma mudança complicada, por diversos motivos. Para Valdemar era impensável viver longe dos amigos e, pior, da sua avó. “Naquela altura eu apenas queria regressar para Alcobaça. Era lá que estava a minha avó. Ela é uma das pessoas que mais estimo e gosto na vida. A outra é a minha mãe. Tive muita sorte em tê-las. Ambas me estragaram com mimos”. Queria tanto voltar que, confessa, acabou por cometer uma loucura. “Por volta dos 12 anos, fui à rodoviária ver os horários dos expressos. Havia um de manhã e outro à noite. A minha vontade era tanta que fui a pé!”. Ambos sorrimos e, obviamente, perguntei se realmente chegou ao destino. “Apenas cheguei à Batalha, cerca de 12 kms a andar, mas um senhor conhecido da família, encontrou-me e questionou o que eu andava a fazer. Respondi-lhe que queria ir a Alcobaça visitar a avó. E olhe, ele levou-me até ela e no final ela acabou por se fartar de rir”. Claro que depois de visitar a avó regressou a casa.
Com o tempo, foi fazendo amizades novas, em Leiria, mas estava sempre com o pensamento no fim-de-semana, porque ia a Alcobaça matar saudades. Até ao momento em que foi pai. “Sempre prometi à minha avó que lhe ia dar um bisneto. Tínhamos receio que ela falecesse sem ver bisnetos, que ela queria muito. Quando nasceu o meu primeiro filho, fui com um amigo até casa dela, sempre aos gritos pela viagem, com a cabeça de fora a dizer a toda a gente. Quando lá cheguei ela até se assustou. Mas ficou mesmo muito contente”. Anos mais tarde, a avó faleceu e acabou por ir perdendo a ligação à sua terra. “Actualmente, já não me imagino a morar lá. Mas nunca posso dizer nunca”. 

Leiria, 2 Fevereiro 2016
Rui Miguel Pedrosa


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