Fernando Mota, 68 anos. Começou por me dizer que é natural de Lamego, uma cidade que adora e que de alguma forma ajudou a dinamizar social e culturalmente. Trabalhou na Caixa Geral de Depósitos. “Estou reformado, ao fim de 36 anos de casa. Trabalhei lá a minha vida toda. Antigamente os trabalhos eram assim. Não tem nada a ver como hoje em dia que não há trabalhos certos”. Veio para Leiria para poder estar mais perto dos filhos e dos netos. E conta que os projectos que teve ao longo da vida, de certo modo, foram para um dia lhes deixar tudo. “Toda a minha vida, a par da minha actividade bancária, sempre fui bastante activo. Escrevi um livro ‘Vida e obra de Major David Magno”, ajudei a fundar a Academia de Música de Lamego, fui presidente da associação de antigos alunos de Lamego, faço parte da associação de amigos de Fafel (rua histórica e das mais antigas da cidade, onde também nasci), e fiz parte da fundação da Universidade Sénior”. Então começou a explicar o motivo de toda essa actividade. “Tenho imenso prazer em prestar serviço à comunidade. Nunca o fiz a pensar que algum dia iria ser retribuído, mas hoje em dia, nada é feito sem pensar em receber algo em troca. O projecto que me deu mais gozo foi o da Universidade Sénior. E, felizmente, as pessoas aderiram. Serviu para ocupar o tempo e mantê-las também ocupadas. E, olhe, desde aí que já conheceram muito do nosso país. Depois, tenho de reconhecer, como já deve ter percebido, que sou um amante de Lamego e de toda a sua história”. Fernando ainda faz parte de alguns desses projectos, mas agora, que está em Leiria, tem mais dificuldade em ajudá-los a continuarem a crescer: “Actualmente, tenho a vida tão preenchida que me vejo com alguma dificuldade em conciliar tudo. Uma coisa que tenho em mente é que o tempo não me há-de matar mas tudo farei para matar o tempo. Mas reconheço que sinto alguma nostalgia ao pensar que o tempo já me está a falhar para completar esses trabalhos”.

Leiria, 22 Fevereiro 2016
Rui Miguel Pedrosa