Duarte Teixeira, 32 anos - O Duarte trabalha na recepção de um hotel "Já trabalho aqui há 14 anos. Comecei como bagageiro, depois passei para o bar e depois o dono do hotel convidou-me para a recepção e gosto bastante". Perguntei-lhe se ainda se recebia bom dinheiro em gorjetas com malas de grupos. Há 20 anos também trabalhei como bagageiro num hotel e recebia muito dinheiro com as gorjetas. "sim ainda se recebe algum dinheiro mas já foi muito mais!" Também lhe perguntei se não havia guias que vinham com esses grupos que ficavam com essas gorjetas e aí ele disse uma expressão bem engraçada: "não ando aqui a comer gelados com a testa!" Sorrimos os dois e ainda acrescentou "há guias que se fazem de esquecidos mas nós fazemos com que eles se lembrem! Já de clientes é cada vez mais raro. Mas houve um cliente que um dia me pediu para lhe levar o carro à lavagem, deu-me 100 euros para isso e a lavagem foi uns 10 euros. Quando voltei e lhe entreguei o carro não aceitou o troco, fiquei admirado e com 90 euros de gorjeta!" Expliquei-lhe o projecto e ele disse-me que neste trabalho também se conhece muitos estranhos "tinha aqui um colega cuja namorada tinha ido para França viver e ele andava muito triste, quer ele quer a namorada andavam à procura de trabalho para ele em França mas não tinham arranjado nada. Um dia ele levou as malas a um cliente Francês e em conversa no elevador ele contou a sua história ao cliente. Ficaram amigos e esse cliente arranjou-lhe trabalho em França. Despediu-se e hoje está lá feliz com a namorada e nesse trabalho." Perguntei-lhe se tinha estudado "só tenho o 12º ano, não tenho nenhum curso superior mas isso hoje em dia vale o que vale. Tenho um grupo de amigos, somos quatro, os outros três têm cursos superiores, um em informática, outro em ciências do desporto e outro em turismo e dos quatro só eu trabalho." Agradeci a conversa e ter aceite participar no nosso projecto.
Vila Real, 3 de Fevereiro de 2016
Miguel A. Lopes
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