Manuel António T. 42 anos. Conheci o Manuel, mais conhecido como Branco na sua zona, logo pela manhã. Contou-me que está desempregado: "estou no fundo de desemprego, mas se deus quiser em Janeiro vou voltar a trabalhar, estava mesmo a precisar”. Contou-me que já teve dois ofícios: “eu era mecânico mas o patrão foi-se embora, fechou a oficina e tive de procurar outra coisa. Fui para pedreiro mas a merda da crise deixou-me sem emprego. Mas o fundo de desemprego já me ajudou, tirei o 6º ano, eu tinha apenas a quarta classe... mas já passei por tanta coisa". Conta que teve problemas com o álcool, chegando a ser internado por duas vezes, sendo que o médico lhe disse que "à 3ª é de vez, mesmo para apoquentar. Agora estou melhor, mas eu bebia tanta coisa, anis, bebia tudo, mas pelos meus ricos filhos eu aprendi.. eu sei que vem a morte e leva tudo, mas pelos meus ricos filhos eu aprendi”, diz ele. “Foi uma apoquentação, para a minha mulher foi maduro..” continua, “mas sabes que só tive filhos quando fui aos USA e Canadá? Andávamos em tratamentos de fertilidade aqui e nunca pegou, fomos a Lisboa e tudo, nunca pegou, nunca... mas depois fomos aos USA e a minha mulher engravidou. Deve ter sido dos ares”, diz a rir. Está com a esposa há 32 anos e tem um casal de miúdos: “dou tudo por eles, posso até ir pedir para a rua ou pedir emprestado a uns e a outros. mas nunca vai faltar nada aos meus filhos e à minha mulher, nada vai faltar a minha rica família, a família está sempre em primeiro lugar”, conclui. Dei-lhe um papel com o nome do projecto para que pudesse ir procurar depois, apertámos as mãos e tornámo-nos conhecidos.
Lagoa. 26 de Dezembro de 2015.
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