Joana Figueiredo, 27 anos. A Joana é dentista, e descobri que a filha de uma amiga minha também quer seguir essa profissão precisamente para ser "igual à Joana". Perguntei-lhe o que sentia por influenciar assim alguém desta forma: “A sério?? Ela ainda é novinha, mas não sei se será uma boa profissão para ela... mas se a quer seguir, eu fico contente por inspirá-la”, diz com um sorriso.
Antes de optar por esta profissão, quis ser muita outra coisa; pensou em veterinária, porque queria "salvar os cãozinhos e os gatinhos", mas acabou por optar pela medicina dentária. Conta-me que também sempre se interessou muito pelo mundo das artes, e gosta de pensar que, assim, aliou os seus dois gostos: "a medicina dentária também é arte, nós temos de esculpir os dentes para imitar a natureza dentária". Teve a sorte de começar logo a trabalhar, e já trabalha há 3 anos. Gosta imenso do que faz e diz sentir-se bastante realizada, mas isso não quer dizer que a zona de conforto seja sempre a mesma: "não quer dizer que não precise de outra coisa... e sou uma pessoa feliz - embora o meu namorado esteja fora - tenho cá o que preciso para ser feliz. Vou lidando com tudo com calma, não fazendo muitos planos, um dia de cada vez. Mas sei que, se calhar, daqui a algum tempo as coisas podem ser diferentes, porque as nossas necessidades vão se alterando com o tempo”.
Mesmo assim, a história vai-se repetindo nas vidas das gentes das ilhas: a perspectiva (ou a necessidade) da emigração está muito presente na nossa realidade, e também assim foi com a Joana: “pensei nisso, sinceramente, acho que seria uma boa experiência, viver no estrangeiro, na Europa. Seria muito enriquecedora, mas se calhar podia ser mais difícil regressar depois de ter uma vida estável. Isto sim, seria muito triste para mim..”
Sempre gostou da sua terra, e mesmo quando estava a estudar no Porto, pensava em regressar à ilha: "É cá que tenho a minha família, a minha segurança, tudo o que conheço, digamos assim. E na altura foi o que me pesou para voltar… no futuro espero estar apenas feliz, ter filhos, família estável, basicamente o que todas as pessoas querem. Ninguém quer ficar sozinho não é?” pergunta ela a sorrir. Obrigado pelo teu tempo, e que continues a ser uma boa influência!
Ponta Delgada, 17 de Março de 2016
Rui Soares
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