Dores Escada, 68 anos. O clima bem-humorado em que encontrei a senhora Dores à conversa com uma amiga chamou-me a atenção. A amiga teve vergonha e respondeu “fica para a próxima”. Então toda a minha atenção ficou centrada na senhora Dores, que se prontificou a colaborar no projecto mas tinha de ser rápido porque tinha de ir buscar a neta. É natural da Guarda mas veio para Leiria leccionar há 40 anos. Trabalhou como professora de Românticas, Direito e também Ciências da Educação. Perguntei-lhe o que sentia sobre a profissão. “É encantadora! É fantástico pode lidar com as pessoas. E não tenha dúvidas que é das profissões que exige mais à face da terra. É uma profissão completa. E é gratificante ver, anos depois, que eles foram longe e estão bem na vida”, disse, deixando transparecer alguma nostalgia mas também algum orgulho.
“Mas olhe, vou-lhe contar uma história que, garantidamente, pouca gente conhece. Foi em 1981, estava eu no ciclo preparatório, numa altura em que um professor fazia um pouco de tudo na escola. E, eu, sempre com a mania que tenho de proficiência, decidi que numa escola próxima, devia haver uma cantina. Naquela altura não era normal, mas óbvio que era essencial. Então decidi ir como uma amiga, também professora, buscar uma pedra de mármore para levar. O problema é que estava grávida. Então, com o excesso do esforço ‘deu-me um treco’ e desmaiei. Mas pouco depois acordei como se nada fosse. A minha amiga estava aflita, mas mesmo assim voltei à escola como se nada fosse. Acontece que 3 ou 4 dias depois tive a minha filha”.
Leiria, 7 Março 2016
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