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José P.

José P. 55 anos. Quando encontrei o José dentro do seu táxi, este disse-me logo “epa encontraste-me num dia em que não tenho a barba aparada, isto não pode ser assim, nós os taxistas temos de estar sempre num primor, dar o exemplo”. Num dia de chuva e fraco de clientes, diz que crise afectou bastante os taxistas. "Cá em São Miguel, trabalhamos muito com pessoas que não têm carro e quando estas pessoas começaram a ter menos dinheiro, nós sentimos logo isto na pele”; mas quase em tom de aviso, diz-me que continua trabalhar "7 dias por semana, das 7 da manhã até as 21h por vezes” com a mesma alegria de sempre. Com o 5º ano antigo, já foi lavrador, soldado e condutor de camiões de gado e até emigrante; “fui para a Bermuda trabalhar aos 25 anos, na altura que se ganhava bom dinheiro, era jardineiro e à noite trabalhava na limpeza de um hotel, quase 18 horas por dia”. Voltou aos Açores para casar e depressa regressou à Bermuda. No entanto, quando os filhos tinham cerca de 5,6 anos, voltou para os Açores; “ou ficava lá de vez ou voltava,e se ficasse lá de vez os meus filhos nunca iam conhecer a terra deles”, conta-me. Quando voltou ainda tentou comprar uma lavoura mas não encontrou nada de que gostasse e então decidiu comprar um táxi. “Este meu Mercedez não me dá problemas nenhuns”, diz ele, “espero que chegue ao milhão de km”. Conta-me que a pior coisa são os clientes que fogem sem pagar, mas no meio de uma gargalhada, diz-me que “já ganhei algumas peças de roupa, que eles para fugirem, esquecem-se da roupa atrás”. Tirando isso, não tem nada do que se queixar para já; diz que teve uma boa vida e agora pensa na reforma. Obrigado Sr. José pelo momento, e não se preocupe, eu acho que a barba também é um bom estilo.

Ribeira Grande. 13 de Dezembro de 2015.
Rui Soares



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